quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Reflexões sobre amor na cidade luz

 A primeira coisa que as pessoas perguntam quando você está morando numa cidade como Paris é"e aí, já ficou com um francês (uma francesa)? Como é?".
Gente, vamos combinar, né, o mercado de relações afetivas está difícil em qualquer lugar do mundo e não iria ser diferente aqui em Paris. A cidade te convida a amar, afinal deve ser lindamente romântico você beijar às margens do Sena, tudo bem clichê, bem romance cor-de-rosa tipo Bárbara Cartlan ou aqueles romances Julia, Sabrina, etc, mas como diria Caetano Veloso: "a vida é real e é de viés". Então ficamos só nos quereres mesmo.
Agora, para você que está pensando em vir à Paris, achando que vai conseguir um príncipe encantado, todo europeu e cheio de charme eu tenho duas más notícias: a) os princípes só são interessantes nos contos de fada. Basta você dar uma olhadinha na história para perceber que eles são sujos, feios, desdentados e sem modos. O símbolo máximo do absolutismo francês, Louis XIV era bem onívoro, ou seja, comia qualquer coisa (se é que vocês me entendem) e consta que não era lá chegado a grandes e demorados banhos... b) os franceses são muito pragmáticos, essa é a segunda má notícia. Isso significa que essa coisinha de você enrolar o cara por várias semanas pensando "só vou dar na sétima vez" não cola aqui. Se você pretende ficar com um francês saiba: ajoelhou vai ter de rezar, a não ser se vocês tiverem um jantar e tudo e tal aí, sim, você estará fadado (fadada) a passar pelo processo de conquista que passa pela recepção de um cartão com o telefone da pessoa. Sim, acreditem, os franceses dão cartões às mulheres, esperando que elas liguem!!!
Quando perguntam a alguém se esta pessoa ja ficou com um francês, eu penso: "vixe, mal ele sabe da missa um terço". Namorar um francês, na minha interpretação, é todo um processo que vocês vão entender com essa pequena descrição/conto/sei-lá-o-o-que. E eu coloco você, leitor amigo, no lugar da minha personagem:
Bom, você entra no metrô (aqui existem linhas muito bem frequentadas, como as linhas 1, 3, 6, 9) e você se depara com um cara mega bem vestido (ele pode estar usando Armani), daí você olha e gosta, porque afinal, o cara é magro, as pernas são boas, coxões, cara bonita, mesmo careca ele mantém o seu charme e você começa a ficar empolgado, mas eis que a pessoa percebe que você está paquerando ela, então, para disfarçar, ela começa a falar ao telefone e sorri e ao sorrir você vê um tártaro de mais ou menos 15 anos!!!!... c'est pas grave... o negócio é desviar o olhar e fingir que nada aconteceu...
Entenderam a dificuldade? Espero que sim, mas há sempre pioneiros descobridores de jóias raras, de repente você é um... mas se não for também, pague o mico de olhar pro cara do metrô, seja feliz por alguns segundos e depois de ver que os dentes dele são podríssimos, você vai ter um linda decepção, mas isso tudo faz parte de seu aprendizado cultural, para você deixar de pensar que as coisas são fáceis e para você deixar de ter como slogan de vida: "eu não tenho tipo, eu tenho pressa"...

3 comentários:

  1. Nesse caso, nem a pressa ajuda, né?
    Melhor ficar só no quereres mesmo! hahaha
    Muito bom! Adorei!

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  2. Delícia de leitura! =D

    Texto espirituoso sem ser pedante e familiar sem ser vulgar! Bem a cara desse moço viajante que agora nos leva junto! =D

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  3. ahuhauhuaha eu não tenho tipo eu tenho pressa é o lema piriguetês ein!!! Ótima essa postagem velhinho =D

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