Bom, antes de iniciar o post preciso esclarecer duas coisinhas básicas a pedido de amigos. O primeiro esclarecimento tem a ver com a expressão c'est pas grave que significa "não foi nada", "isso não é grave" ou "relaxa, você não me incomodou". Claro que isso é uma fórmula polida de expressão e você vai entender o verdadeiro sentido dela no tom que o falante usar na hora de pronunciá-la (tudo bem linguisticamente documentado como um bom estudante de Letras). É a mesma coisa com a palavra desolée que pode de fato siginificar "sinto muito", mas que, geralmente, significa "você se fodeu e a culpa não é minha", tudo com uma politesse très très jolie. Outro esclarecimento que quero fazer é que no primeiro post eu usei a expressão "população mais filha da puta do planeta", que para mim significa "gente complicada". Pessoal, não quero denegrir a imagem dos parisienses, ok? O que aparece nos posts são impressões generalizadas e é claro que há pessoas maravilhosas nessa cidade que é linda... As postagens tem a ver mais com o choque de cultura que eu, um capiau do norte paulista, tomo com a cultura francesa/parisiense.
Todavia, para não deixar esse post chatinho vamos falar do tema "Como alguns estrangeiros veem os brazucas". Em geral, existe um amor pelo Brasil, eles realmente gostam da gente, nos acham exóticos e extrovertidos e com uma potência para o prazer que eles invejam. É que eles não conhecem certas figuras do cenário político e religioso do Brasil atual. Os franceses adoram a cultura brasileira, amam samba e tem alguns que adoram forró. Fui com uma amiga num bar chamado Bizzart, no Quai de Valmy (porto de Valmy) que tinha forró e havia um monte de franceses e francesas que adoravam dançar e dançavam muito bem!
Mas esse não é um blog de elogios, né. Então usando um pouco do doce veneno do escorpião (eu sou escorpiano) vamos mostrar três pequenos diálogos que ilustram os micos que alguns estrangeiros pagam quando falam do Brasil. Sim, meus queridos, estrangeiros também pagam micos, alguns, na verdade, pagam King Kongs.
Os fatos aqui narrados são apenas baseados na realidade, então de uma forma bem Janete Clair eu digo que "os eventos aqui contado são ficcionais, embora possam ser vividos por qualquer pessoa real. Qualquer semelhança é mera coincidência"
1 - A menina e oca
- (PROFESSOR) Bom dia, hoje é o primeiro dia de aula e gostaria que vocês se apresentassem, por favor! Comece você, senhorita.
- (ALUNA BRASILEIRA) Bom dia, meu nome é Mariana e faço doutorado em Ciências sociais. Sou brasileira e moro em Manaus, Amazonas.
- (PROFESSOR) Genial!!! De Manaus! Agora me diga, você mora numa oca?
2 - A russa
- Escuta, é verdade que no Rio de Janeiro todos os moradores saem de sunga e de bíquini em todos os lugares? Vocês vivem de bíquini?
- (Brasileira depois de 5 minutos sem acreditar no que estava ouvindo): Sim, é a mais pura verdade!!! Eu, inclusive, quando vou ao mercado, ja saio de topless e salto alto. É muito comum isso no Brasil, muito prático, né?
3 - Moogli, o menino da floresta
- Onde você mora no Brasil? Em São Paulo? No Rio de Janeiro?
- Ah!, eu não moro em nenhuma dessas capitais. Moro no interior.
- Então, você mora na floresta? Tipo, igual à floresta amazônica?
(Brasileiro sem acreditar MESMO no que estava ouvindo): - Não, querida, minha cidade é super urbana, tem mais de 450 mil habitantes! (Mas na verdade, ele quis mesmo respoder isso): "Moro, sim, numa selva, inclusive meu vizinho é um índio que pratica antropofagia e eu tenho de tomar super cuidado com ele. Tenho um macaco de estimação que dorme comigo e quando saio para passear levo minha onça pintada na corrente!!!!"
Acho que não era preciso nem comentar mais nada, não é?!! Mas como eu não aguento, vou ter de dizer alguma coisa. Então aí vai minha reflexão: não é genial perceber como alguns europeus sabem o que se passa fora de seu pequeno e velho continente? Agora, para você brazuca, que adora pagar pau para cultura dos outros e vive falando mal de seu próprio país: estrangeiros também podem ser bafônicos e miquentos... é só saber procurar!
Esse seu comentário: "choque de cultura que eu, um capiau do norte paulista, tomo com a cultura francesa/parisiense" me lembrou uma fala muito usada por uma certa diretora de uma faculdade em que trabalhei... rs: "pq eu, se tivesse metade do conhecimento dos senhores, q são mestres e doutores... blá blá blá... é claro q devo estar errada...". Q figura de linguagem é essa mesmo? Ironia? Ou tem alguma q tenha o mesmo objetivo mas q seja mais venenosa??
ResponderExcluirNão diria venenosa, diria explícita, tipo sarcasmo... mas o engraçado é que a gnt não pode controlar a interpretação dos textos que escrevemos. Digo isso, pq, de fato, o meu texto ta super "envenenado" de ironia, sarcasmo, mas não no caso desse comentário que você destacou... talvez tenha autossarcasmo ou autoironia... Obrigado pela leitura...
ResponderExcluir'O antropólogo Klaus Levi Strauss detestou a Baia da Guanabara. Pareceu-lhe uma boca banguela. E eu, menos a conhecera mais a amara. Sou cego de tanto te-la..."
ResponderExcluir(Caetano Veloso)